A eliminação de estereótipos de gênero e a criação de um ambiente inclusivo são passos essenciais para garantir a participação das mulheres.
Por décadas, o setor de transporte e logística tem sido tradicionalmente dominado por homens, com a presença feminina muitas vezes sub-representada em diversos aspectos. No entanto, nos últimos anos, temos testemunhado uma mudança significativa nesse cenário pelo mundo.
Cada vez mais, as mulheres estão conquistando espaço e se destacando em diferentes áreas do transporte e logística, desafiando estereótipos e contribuindo para a diversificação e o avanço do setor. No entanto, esse cenário ainda é tímido no Brasil.
Nesta era de progresso e igualdade de oportunidades, é crucial explorar como as mulheres podem superar essa barreira e como as empresas de transporte e logística precisam adaptar sua cultura para receber mulheres talentosas.
Mulheres na logística e gestão de frotas
Os dados recentemente divulgados no Relatório de Tendências 2024 da Trimble, uma empresa do setor de logística e transporte, revelam uma realidade preocupante em relação à presença das mulheres nesse mercado.
Segundo o relatório, apenas 15,8% dos profissionais que atuam na área de logística e gestão de frotas são mulheres. Esse número representa uma leve queda em comparação com o índice de 16,8% registrado no relatório anterior, em 2021.
Essa estagnação na representatividade feminina no setor expõe um desafio significativo para a inserção e ascensão das mulheres em posições de destaque e liderança.
Além disso, o relatório da Trimble também revela que a maioria das mulheres que trabalham no setor está concentrada em áreas específicas, como “Frota e Transporte” e “Logística e Supply Chain“, representando 42,09% do total de mulheres empregadas.
Por outro lado, apenas 9,50% das profissionais femininas estão envolvidas em áreas de planejamento, projetos e inovação, demonstrando uma clara disparidade de gênero em termos de distribuição de cargos e responsabilidades dentro das empresas de transporte e logística.
Esses dados refletem não apenas a sub-representatividade das mulheres no setor, mas também a necessidade urgente de promover políticas e iniciativas que incentivem a diversidade e a igualdade de oportunidades, a fim de garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo para todos os profissionais.
Principais desafios
A inserção das mulheres no mercado de trabalho do setor de transporte e logística enfrenta uma série de desafios que vão além das questões quantitativas de representatividade.
Um dos principais obstáculos é a persistência de estereótipos de gênero arraigados na sociedade, que associam determinadas atividades e profissões ao sexo masculino. Esses estereótipos podem influenciar tanto a percepção das próprias mulheres sobre suas capacidades quanto a atitude dos empregadores em relação à contratação e promoção de profissionais do sexo feminino.
Outro desafio significativo é a falta de mulheres em cargos de liderança dentro das empresas de transporte e logística. A ausência de modelos femininos de sucesso nessas posições pode desencorajar as mulheres a buscar oportunidades de progresso e ascensão na carreira, perpetuando assim a desigualdade de gênero na hierarquia organizacional.
Além disso, a ausência de redes de apoio específicas para mulheres no setor também é uma questão importante. A falta de espaços seguros e inclusivos onde as mulheres possam compartilhar experiências, trocar informações e receber mentoria pode dificultar sua integração e desenvolvimento profissional.
Outro aspecto é a cultura masculina predominante dentro das empresas de transporte e logística, que pode criar um ambiente de trabalho hostil ou pouco acolhedor para as mulheres. A falta de políticas e práticas que promovam a diversidade e a inclusão, bem como a tolerância zero para comportamentos discriminatórios ou assédio, contribui para a perpetuação dessa cultura excludente.
Como promover a inclusão feminina na logística e transporte?
Antes de listar ações de promoção da inclusão de mulheres no setor, é importante comentar o porque disto ser importante.
A inclusão feminina não é apenas uma mera ação para “melhorar a imagem da empresa” na questão da diversidade. As empresas que promovem essas ações garantem uma vantagem competitiva ao atrair e reter mulheres talentosas. Lembrando que as mulheres são maioria no ensino superior brasileiro.
Agora que sabemos a importância, veja algumas ações que as empresas podem promover:
1. Implementar políticas de recrutamento inclusivas, garantindo que as oportunidades de emprego sejam divulgadas amplamente e que o processo de seleção seja baseado unicamente nas qualificações e competências dos candidatos, sem viés de gênero.
2. Criar programas de mentoria e desenvolvimento profissional específicos para mulheres, proporcionando oportunidades de orientação e networking, além de acesso a recursos e treinamentos que promovam o crescimento e a progressão na carreira.
3. Promover uma cultura organizacional inclusiva e respeitosa, que valorize a diversidade de perspectivas e experiências e que promova o respeito mútuo entre todos os colaboradores, independentemente do gênero.
4. Oferecer benefícios e políticas de apoio à maternidade que reconheçam e valorizem as necessidades específicas das mulheres no ambiente de trabalho, incluindo flexibilidade de horários e programas de creche.
5. Investir em programas de capacitação e educação continuada voltados para as mulheres, proporcionando oportunidades de desenvolvimento de habilidades técnicas e de liderança que as preparem para assumir cargos de maior responsabilidade e influência dentro da empresa.
6. Realizar campanhas de conscientização e treinamentos sobre igualdade de gênero e prevenção de assédio, garantindo que todos os colaboradores estejam cientes dos valores e princípios da empresa em relação à diversidade e inclusão.
Leia também: Dicas para se tornar um gestor de frotas eficiente
Como entrar no mercado de trabalho
Uma das formas das mulheres entrarem nesse mercado de trabalho competitivo é por meio do ensino superior. Buscar uma graduação em áreas como Logística, Administração ou Engenharia de Produção fornece uma base sólida, enquanto estágios em empresas do setor oferecem experiência prática.
No aspecto de conhecimento e habilidades, é fundamental dominar as tecnologias de gestão de frotas, como sistemas de rastreamento GPS e softwares especializados. Habilidades de comunicação são indispensáveis para coordenar equipes, interagir com motoristas e lidar com clientes.
Seguindo esses passos, as mulheres podem se tornar, por exemplo, gestoras de frota bem-sucedidas, contribuindo para o avanço e a diversificação do setor de transporte e logística.