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carro BYD Dolphin Mini na cor prata

Os desafios do mercado de carros elétricos no Brasil

Apesar dos desafios enfrentados, o mercado de carros elétricos no Brasil apresenta um grande potencial de crescimento.

Nos últimos anos, o mercado de carros elétricos no Brasil tem experimentado um crescimento significativo, refletindo uma tendência global em direção à mobilidade sustentável. De acordo com dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (Abve), o país registrou um marco impressionante de 93.927 carros elétricos vendidos em 2023, representando um aumento de 91% em relação ao ano anterior.

Embora esses números sejam promissores, o mercado ainda enfrenta uma série de desafios que precisam ser superados para alcançar uma adoção mais ampla e sustentável.

Carros elétricos X híbridos

O último levantamento da Abve mostrou que 56% dos carros elétricos adquiridos no ano passado são do tipo plug-in, ou seja, que a bateria precisa de uma recarga externa. Esse índice é importante porque ultrapassou a venda de modelos híbridos (HEV e HEV Flex), que lideravam na categoria até 2022.

Apesar das vendas de carros 100% elétricos ultrapassarem os híbridos, muitos consumidores ainda têm receio de adquirir um carro que dependa de uma recarga de energia. Convencê-los é um grande desafio.

Os carros híbridos oferecem uma autonomia estendida devido à combinação de um motor elétrico e um motor a combustão interna, o que permite que os condutores percorram distâncias maiores sem a necessidade de recarga.

Além disso, existe uma percepção de melhor desempenho, especialmente em termos de potência e até mesmo do “ronco” do motor. Os carros elétricos são silenciosos, o que pode não agradar amante de carros esportivos.

Infraestrutura de recarga: o calcanhar de Aquiles

Um dos principais desafios para a adoção massiva de carros elétricos no Brasil é a infraestrutura de recarga insuficiente. Embora o país tenha visto um aumento no número de estações de recarga nos últimos anos, especialmente em grandes centros urbanos, a disponibilidade ainda é limitada, especialmente em áreas rurais e interioranas.

Atualmente, o Brasil possui cerca de 3,6 mil pontos de recarga para carros elétricos, a maioria em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Todos pontos são de investimento da iniciativa privada, de fabricantes como Volvo e BYD.

Há poucos pontos de recarga nas estradas, pois estes precisam ser rápidos e requer maior custo de operação. São os chamados ultrarrápidos ou carregador DC (corrente contínua), cerca de 10 vezes mais potentes que os tradicionais encontrados em shoppings, por exemplo.

Hoje, considerando viagens entre capitais usando carros elétricos, a melhor rota é entre São Paulo e Belo Horizonte. Outras rotas de destaque são: São Paulo – Brasília; São Paulo – Rio de Janeiro; São Paulo – Curitiba.

Portanto, a baixa disponibilidade de carregadores ultrarrápidos em rodovias brasileiras representa um obstáculo significativo para o mercado. Os consumidores se preocupam com a possibilidade de ficar sem carga durante viagens mais longas. Mas isso deve mudar daqui alguns anos.

Autonomia

Outro desafio enfrentado pelo mercado de carros elétricos no Brasil é o equilíbrio delicado entre custos e autonomia. Embora os avanços na tecnologia das baterias tenham permitido uma melhoria significativa na autonomia dos veículos elétricos, muitos consumidores ainda são hesitantes.

Os carros elétricos vendidos hoje no Brasil possuem uma autonomia entre 250 e 400 quilômetros, mas isso considerando viagens nas quais o veículo permaneça em uma velocidade constante (média de 70 Km/h). Carros movidos a motor 1.0 turbo, por exemplo, podem ter uma autonomia de mais de 600 quilômetros à gasolina.

Preço

É inegável que o preço dos carros elétricos caiu muito no Brasil. Há quatro anos, os modelos elétricos eram importados e considerados de luxo, chegando a custar R$ 1 milhão. Em 2022, já havia modelos na casa dos R$ 300 mil. Hoje, é possível comprar SUVs elétricas bem equipadas por cerca de R$ 215 mil, como o Haval H6.

Apesar dessa queda, os preços ainda não são atrativos para a maioria dos consumidores brasileiros. No começo do ano, por exemplo, havia uma expectativa da BYD vender o Dolphin Mini, modelo de entrada da fabricante chinesa, por menos de R$ 90 mil. No entanto, o valor de lançamento ficou em mais de R$ 115, bem acima dos modelos chamados “populares” dos carros à combustão.

As vendas de 2023 foram impulsionadas pela isenção do imposto de importação de carros elétricos, que encerrou em dezembro. Desde janeiro, carros 100% elétricos são taxados em 10% e os carros híbridos em 15%. Essa retomada do imposto será gradual, até chegar aos 35% em julho de 2026.

A Abve considera que a volta do imposto não reverterá a tendência de crescimento nas vendas dos carros elétricos. De fato, o imposto é menor em comparação aos carros em combustão. Vamos aguardar.

Incentivos Governamentais

Falando em taxas e em governo, um outro desafio para o mercado de carros elétricos no Brasil é estabelecer um cenário de incentivo. Estratégias de incentivo, como redução de impostos, subsídios à compra e investimentos em infraestrutura de recarga, são essenciais para promover a adoção de carros elétricos no país.

O Governo Federal lançou em 2024 o Programa Mover (Mobilidade Verde), que amplia as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e estimula a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística.

O Mover visa, entre outras coisas, promover a expansão de investimentos em eficiência energética e cobrar menos imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde. Isso pode beneficiar diretamente o mercado de carros elétricos.

A BYD, por exemplo, anunciou recentemente um investimento de R$ 5,5 bilhões na fabricação de carros elétricos em Camaçari, na Bahia, antiga fábrica da Ford. Outra fabricante referência em veículos elétricos, a Volvo vai investir R$ 1,5 bilhão até 2025. Já a japonesa Toyota vai investir R$ 11 bilhões até 2030.

BYD, Chevrolet, Hyundai, Mitsubishi, Stellantis, Toyota e Volkswagen investirão R$ 72 bilhões somente em 2024.

Auto Esporte

Conscientização do consumidor

A conscientização do consumidor desempenha um papel fundamental na adoção de carros elétricos. Muitos brasileiros ainda têm percepções equivocadas sobre os custos e benefícios dos veículos elétricos.

Campanhas educativas e programas de conscientização são essenciais para informar os consumidores sobre os benefícios ambientais, econômicos e de desempenho dos carros elétricos, bem como dissipar mitos e preocupações comuns.

Apesar dos desafios enfrentados, o mercado de carros elétricos no Brasil apresenta um grande potencial de crescimento. Com o avanço da tecnologia, a redução de custos e o apoio adequado das políticas governamentais, é possível superar os obstáculos atuais e criar um mercado mais sustentável e acessível para os carros elétricos.

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