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Reconstrução das Rodovias no Rio Grande do Sul: como a logística foi afetada pelas chuvas

Obras em rodovias estaduais e federais devem durar até o final de 2025 e custarão quase R$ 10 bilhões aos cofres públicos.

Pouco mais de um mês após as chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul, chegou o momento de contabilizar as perdas e iniciar a reconstrução do estado. Mais de 170 pessoas morreram, mais de 600 mil perderam suas casas e cerca de 450 cidades tiveram sua rotina prejudicada por quedas e bloqueios de ruas e estradas.

Mais de 8.400 quilômetros de rodovias pavimentadas e de terras foram danificados pelas tempestades do final de abril e começo de maio. O Governo do Rio Grande do Sul estima que sejam necessários R$ 9,9 bilhões para reconstruir as estradas afetadas pelas chuvas, algo fundamental para a logística de transporte do estado.

Como agravante, as autoridades calcularam um impacto de R$ 10 bilhões na arrecadação de impostos até o final de 2024. Cerca de 25% desse impacto vem pela diminuição de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos municípios.

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Quantas estradas foram afetadas?

Segundo o Governo do RS, 403 pontos de rodovias foram afetados pelas chuvas, sendo 175 em estradas federais e 228 em rodovias estaduais. Esses pontos representam 5.288 Km em rodovias federais (85% do total no estado) e 8.434 Km em estradas estaduais (82% do total), e prejudicam o deslocamento de 6,5 milhões de pessoas.

A boa notícia é que vários desses trechos já foram liberados, mais precisamente 76%. Houve a liberação de 163 trechos de rodovias estaduais e 145 de rodovias federais, até o dia 6 de junho.

No entanto, em muitos trechos houve uma recuperação parcial da pista. Por exemplo, na ERS-149, que liga Vila Nova do Sul à Lajeado Grande, fizeram a recuperação das cabeceiras e estrutura da pista com pedras, madeiras e outros materiais que não a massa asfáltica.

Há, atualmente, 95 rodovias e pontes com algum tipo de bloqueio no Rio Grande do Sul, sendo 65 estaduais e 30 federais. Entre elas, 40 foram classificadas como de grande impacto.

Quais rodovias foram mais afetadas?

O Governo do RS divulgou uma lista de obras prioritárias para a recuperação de pontes e rodovias no estado. Nessa lista estão as seguintes estradas:

RSC 453: trecho entre Caxias do Sul e Vila Seca, Itati

ERS 020: trecho entre Taquara, Igrejinha e Três Coroas

ERS 444: Estrada do Vinho – Monte Belo e Santa Tereza

ERS 431: Dois Lajeados – São Valentim do Sul, Sta. Tereza e Bento Gonçalves

ERS 348: trecho entre Agudo, Dona Francisca e Faxinal do Soturno

ERS 129: trecho entre Colinas e Roca Sales

ERS 484: trecho entre São Francisco de Paula e Maquiné

ERS 403: trecho entre Cachoeira do Sul e Rio Pardo

ERS 437: trecho entre Vila Flores e Antônio Padro

ERS 149: trecho entre Vila Nova do Sul e São Sepé

RSC 287: pontes Santa Maria à Santa Cruz do Sul

RSC 453: trecho Etrela – Garibaldi

ERS 235: trecho Nova Petrópolis – Gramado – Canela

ERS 115: trecho Cachoeira do Sul – Rio Pardo

ERS 129: trecho Muçum – Vespasiano Corrêa

Como os bloqueios afetaram a logística do RS?

A destruição de pontes e estradas afetou gravemente a logística de transportes no Rio Grande do Sul, principalmente no setor agrícola e pecuarista. O estado é um grande exportador de soja, carne, trigo, arroz e milho, por exemplo.

As rodovias são o principal meio de transporte de cargas no Rio Grande do Sul. O bloqueio de estradas prejudica o abastecimento de alimentos, remédios e insumos, além de afetar a exportação dos produtos gaúchos.

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Plano de Reconstrução de Rodovias

No início de junho, o Governo do Rio Grande do Sul anunciou um plano de reconstrução de rodovias e pontes estaduais. Essa iniciativa faz parte do Plano Integra, que visa a reconstrução, adaptação e resiliência climática para enfrentar as consequências sociais, econômicas e ambientais da enchente histórica.

O governador Eduardo Leite afirmou que buscará viabilizar todo o investimento possível.

“Não temos a condição de assegurar que todos eles serão feitos, mas, seguramente, pelo menos R$ 3 bilhões a gente tá estipulando de investimentos do estado para dar as condições devidas para a reconstrução e recomposição de estradas rompidas, e também de melhorias em trechos que foram atingidos”.

Governador Eduardo Leite (PSDB)

O Governo Federal, por meio do Ministério dos Transporte, já liberou R$ 1,2 bilhão para a recuperação de rodovias federais.

Nos trechos mais prejudicados a contratação do trabalho será feita sem licitação, em regime integrado, permitindo que as fases de instrução do processo sejam realizadas em até 15 dias. 

Até o momento, foram publicados editais de licitação para reconstrução de oito pontes em sete rodovias estaduais, com valor total estimado em R$ 76,4 milhões. Todas as obras contemplam estudos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), considerando projeções de mudanças climáticas e riscos associados a eventos extremos como o ocorrido neste ano.

Ainda de acordo com o Governo do RS, a categorização das estradas afetadas foi baseada em sete critérios:

  1. situação da rodovia;
  2. tempo gasto a mais em deslocamentos;
  3. quantidade de afetados;
  4. impactos na economia local;
  5. impactos na saúde;
  6. impactos na mobilidade urbana; e
  7. volume de circulação de veículos.

Oito rodovias foram priorizadas para receber ações de recuperação e reconstrução, abrangendo 36 municípios. Todas as oito obras são pontes:

VRS 843: Ponte de Feliz

ERS 441: Ponte de Vista Alegre do Prata

ERS 348: Ponte de Faxinal do Soturno Km 32

ERS 417: Ponte Itati

ERS 348: Ponte de Faxinal do Soturno Km 35

ERS 530: Ponte Dilermando

RSC 471: Ponte Sinimbu

ERS 433: Ponte de Relvado

Quanto tempo vai demorar a reconstrução?

A reconstrução completa de todos os trechos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul pode durar até o final de 2025, segundo o Ministério dos Transportes. Especialistas apontam um tempo ainda maior: três anos para a normalização.

Obras prioritárias já estão acontecendo e vários trechos serão recuperados nos próximos meses, mas alguns precisam aguardar processos de licitação e, principalmente, verba para o início das obras.

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